[Anúncios NIC.br] CGI.br posiciona-se contrariamente a Projetos de Lei que subvertem princípios fundamentais da Internet
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imprensa em nic.br
Quinta Outubro 1 18:10:36 BRT 2015
São Paulo, 01 de outubro de 2015
*CGI.br posiciona-se contrariamente a Projetos de Lei que subvertem
princípios fundamentais da Internet*/
O Comitê Gestor da Internet no Brasil recomenda, em resolução, que o
equilíbrio entre direitos e deveres para o uso da Internet que foi
alcançado com Marco Civil seja preservado
/
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) publicou resolução
alertando para os riscos inerentes à aprovação do Projeto de Lei
215/2015 e seus apensos (PL 1547/2015 e PL 1589/2015). A resolução
CGI.br/RES/2015/013 recomenda que o ambiente legal e regulatório
relativo à Internet seja orientado, fundamentalmente, à proteção dos
direitos básicos dos cidadãos, como o direito à privacidade e à
liberdade de expressão. Além disso, o texto recomenda que se preserve o
equilíbrio alcançado com o Marco Civil entre a liberdade de expressão e
a proteção à privacidade e aos dados pessoais, as atividades
relacionadas à persecução criminal e o combate a ilícitos na Internet,
bem como a inimputabilidade dos provedores de serviços de Internet por
danos decorrentes das ações de seus usuários.
"O Brasil é um dos países mais avançados em relação à legislação para a
Internet. O Marco Civil é de extrema importância para a garantia de
direitos dos usuários e para a segurança jurídica do ecossistema da
Internet no país. A exigência de ordem judicial para que se tenha acesso
a dados privados e ao conteúdo das comunicações privadas ou para que se
remova um conteúdo online é uma regra fundamental e corolário da
democracia contemporânea. Temos que tomar cuidado para que as exceções
não sejam infinitamente mais amplas que a própria regra", afirma Thiago
Tavares, representante do CGI.br eleito pelo Terceiro Setor.
Flavia Lefèvre, também representante do Terceiro Setor, reforça a
necessidade do respeito ao processo legal. "Com a aprovação e vigência
do Marco Civil da Internet, fica estabelecido que qualquer conflito de
interesses dentro da sociedade relacionado com a Internet seja
equacionado pelo poder judiciário, inclusive o acesso a dados
cadastrais, registros de conexão e de acesso a aplicações. Os Projetos
de Lei tratados na resolução CGI.br/RES/2015/013 revertem esse cenário,
pois abrem mão de garantias fundamentais consagradas, como o
contraditório e a ampla defesa, além da presunção de inocência. Além
disso, essas propostas são inconstitucionais, pois o artigo 5º protege
de forma clara e indiscutível a privacidade e a correspondência privada,
impondo a necessidade de ordem judicial para sua violação".
Ainda, o texto da resolução sugere que a ação legislativa resguarde a
natureza democrática, pluriparticipativa e colaborativa que marcou o
processo de adoção do Marco Civil dentro e fora do Congresso Nacional.
“O Marco Civil da Internet estabelece princípios, garantias, direitos e
deveres para que a Internet no Brasil mantenha as características que a
trouxeram até o presente estágio de desenvolvimento. Ele foi redigido a
partir dos princípios do CGI.br em um processo democrático, horizontal e
colaborativo, que contou com apoio dos representantes da Comunidade
Científica e Tecnológica, Terceiro Setor, Setor Empresarial e do Setor
Governamental", declara Virgílio Almeida, membro do setor governamental
e coordenador do CGI.br.
Flávio Wagner, membro do CGI.br eleito pela Comunidade Científica e
Tecnológica, reforça a importância do processo de construção do Marco
Civil e do modelo brasileiro de governança da Internet. “O processo
multissetorial que marca a governança da Internet é algo que leva tempo,
mas que conforma grandes consensos entre os diferentes setores
envolvidos. Isso marcou o processo de concepção, debate e aprovação do
Marco Civil, está na essência da lei. Toda e qualquer reforma
legislativa precisa levar isso em consideração. A pressa com a qual se
está conduzindo o processo, atualmente, pode acabar tornando o seu
resultado bastante desequilibrado, especialmente porque afeta
dispositivos do Marco Civil relacionados a direitos fundamentais,
arduamente negociados”, ressalta.
A resolução trata ainda de outra preocupação que é central para todo e
qualquer processo relacionado com a Internet: a rede não deve ser
tratada de forma distinta de outros meios de interação social. Eduardo
Parajo, representante do Setor Empresarial pelos Provedores de Acesso e
Conteúdo da Internet, ressalta a importância do equilíbrio no
ecossistema da Internet. "O Marco Civil representa um conjunto bastante
enxuto de coisas que precisam ser preservadas para que a Internet
funcione em prol do desenvolvimento do país. A imposição de obrigações
excessivas para as empresas que prestam serviço de Internet - como
responsabilizá-las pelo comportamento de seus usuários - é algo que
prejudica tanto as empresas quanto os próprios usuários", diz.
O representante do Setor Empresarial pelos Provedores de infraestrutura
de telecomunicações, Eduardo Levy, traz preocupação semelhante: “É
bastante temerário do ponto de vista do funcionamento da Internet e da
segurança jurídica para as partes interessadas no processo. Não faz
sentido imputar responsabilidade ao provedor de conexão por danos
recorrentes de conteúdos gerados por terceiros, pois os provedores
sequer disponibilizam conteúdos”, afirma.
"A legislação brasileira sobre a Internet, na qual se destaca o Marco
Civil, tem sido ao longo desses anos, uma construção de diferentes
segmentos sociais, amplamente debatida e que vem servindo de modelo para
o mundo. Logo, na condição de representante de um desses segmentos no
CGI.br, o acadêmico, e em nome do segmento que represento, manifesto
extrema preocupação com possíveis mudanças casuísticas que setores do
Congresso pretendem introduzir no Marco Civil, tolhendo um dos
princípios básicos da nossa constituição e do Estado de Direito, que é a
liberdade de expressão e de pensamento”, enfatiza Marcos Dantas,
representante eleito pela Comunidade Científica e Tecnológica.
Finalmente, ainda segundo o texto da resolução, é preciso que se leve em
conta a natureza internacional e globalmente distribuída da Internet, o
que impõe desafios de coordenação do ordenamento jurídico brasileiro com
o de outros países. "A Internet deve ser mantida como um espaço aberto e
de colaboração. A criação de normas não deve impedir o desenvolvimento
da rede pela oneração excessiva de usuários e provedores com a imposição
de deveres em desconsideração aos diretos básicos consagrados no Brasil
e no mundo", ressalta Demi Getschko, representante de Notório Saber em
assunto da Internet.
A íntegra da resolução está disponível em **
<http://cgi.br/resolucoes/documento/2015/013>*http://cgi.br/resolucoes/documento/2015/013*.
*Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br*
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer
diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da
Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços
Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a
disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do
multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de
governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que
todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas
decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança
e Uso da Internet (*http://www.cgi.br/principios*). Mais informações em
*http://www.cgi.br/*.
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