[Anúncios NIC.br] Equilíbrio entre garantia de direitos e inovação é debatido no VIII Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados Pessoais
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Qui Set 21 18:30:25 BRT 2017
São Paulo, 21 de setembro de 2017
*Equilíbrio entre garantia de direitos e inovação é debatido no VIII
Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados Pessoais*
/Governança de algoritmos e experiências legislativas estrangeiras
também foram discutidas no encontro/
A garantia de direito dos cidadãos, o incentivo à inovação e a promoção
de uma gestão pública eficiente, entre outros desafios cruciais
relacionados ao uso dos dados pessoais foram os principais assuntos
discutidos por diversos especialistas, com ampla experiência na área,
durante o *VIII Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados
Pessoais* <http://seminarioprivacidade.cgi.br/>. A oitava edição do
encontro - um dos principais eventos brasileiros de debate
multissetorial sobre o tema – foi promovida nos dias 18 e 19 de
setembro, em São Paulo, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil
(CGI.br) e pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br)
em parceria com o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF/SP), e
com o Grupo de Ensino e Pesquisa em Inovação da Fundação Getúlio Vargas
(FGV/Direito de São Paulo).
"Falar de privacidade e proteção de dados é um desafio cada vez mais
atual, na medida em que se tornam mais importantes e disseminadas as
tecnologias de /big data/, recursos de computação em nuvem, além da
quantidade e diversidade dos dispositivos conectados", considerou
Maximiliano Martinhão (MCTIC e CGI.br), na abertura do evento. Martinhão
pontuou ainda a urgência da aprovação de uma lei de proteção de dados
pessoais e a necessidade de criação ou identificação de uma instância ou
autoridade na administração pública federal para tratar do tema de
proteção de dados pessoais.
A importância da legislação e das discussões promovidas durante o
Seminário foi enaltecida por Alexandre Pacheco (GEPI-FGV Direito SP).
"Somos um dos poucos países que ainda não tem uma lei de proteção de
dados pessoais". Na mesma linha, Luiz Costa (MPF/SP) reforçou que "uma
lei é necessária e imprescindível e o Seminário continua sendo um espaço
para manter e aprimorar as discussões", enquanto Raquel Gatto (ISOC)
lembrou a evolução dos debates ao longo das oito edições do evento. Mas,
afinal, estando nossos dados na Internet, já estamos sem privacidade ou
ainda há algo para salvar? Caroline D'Avo (NIC.br), representando Demi
Getschko (NIC.br), promoveu reflexões que contribuíram para estimular os
debates realizados no evento.
*Governança de algoritmos*
Na palestra introdutória, o /keynote speaker/ Luiz Costa apresentou os
conceitos sobre os algoritmos e suas aplicações. "O algoritmo pressupõe
a criação – automatizada ou não – de perfis e também uma ordem de
operações a ser executada", explicou. Para ele, o uso dessa tecnologia
pode ter tanto implicações positivas como, por exemplo, o controle da
energia elétrica consumida por uma residência, como também pode
voltar-se para ações de vigilância. "Esse é um conflito permanente",
afirmou.
Em palestra complementar, Rafael Evangelista (Labjor/Unicamp e LAVITS)
reforçou que a governança dos algoritmos deve ser pensada a partir das
diferentes posições sociais. "As tecnologias são impostas por um
conjunto pequeno de empresas majoritariamente de um gênero e uma etnia.
A objetividade dos algoritmos, portanto, nem sempre é a nossa. Quem
constrói os algoritmos não está no mesmo corpo de quem os usa",
destacou. Na ocasião, a transparência dos algoritmos foi questionada por
Thiago Tavares (CGI.br e SaferNet Brasil). "Precisamos saber como os
algoritmos realmente funcionam”, pontuou.
Coube a Marcio Moretto (GPoPAI-USP) comentar os desafios para a
regulação da inteligência artificial. "Além de produzir efeitos que não
são antecipados por seus engenheiros, é muito difícil entender as
justificativas das decisões que os sistemas de inteligência artificial
tomaram", alertou. De forma complementar, Carlos Affonso Souza (ITSRio)
lembrou que "estamos cada vez mais fazendo perguntas para as máquinas
cujas respostas os humanos não saberiam dar". A necessidade de uma
legislação que propicie a inovação e proteja os direitos do cidadão
também foi destacada na palestra. "Precisamos promover um equilíbrio
entre interesses privados e interesses coletivos", defendeu Vanessa
Butalla (Serasa).
*Segurança jurídica*
O incentivo a inovação alinhado à garantia dos direitos foi aprofundado
na palestra sobre a "Agenda Digital" para o Brasil. O moderador Henrique
Faulhaber (CGI.br e TI Rio) lembrou que "uma parte da economia de
Internet está baseada na publicidade, que por sua vez utiliza dados
pessoais". Na opinião de Miriam Wimmer (MCTIC), os dados também são
elementos estratégicos para o crescimento econômico. "Garantir a
segurança jurídica sobre o tema é fundamental, assim como o livre fluxo
de informações, o envolvimento da indústria na construção de padrões
técnicos e boas práticas, além de uma legislação 'guarda-chuva' e a
identificação de instância da administração pública federal para tratar
do tema", listou.
Elias Abdala Neto (Microsoft Brasil) considera que a "economia digital
vai impactar todos os setores da economia e a proteção de dados pessoais
terá um papel central nessa transformação". Bruno Bioni (NIC.br), por
sua vez, acredita que "pautar a questão de direitos e deveres pode gerar
uma externalidade positiva para o mercado de desenvolvimento e
estímulo". Ele também sugere a adoção de boas práticas, em vez de ações
regulatórias punitivas. "Por que não premiar atores que tenham a
privacidade como elemento central no design de seus produtos e
serviços?", questionou. O debate contou também com a participação de
Marina Barros (CTS-FGV Direito Rio), que abordou a necessidade de
investimentos na formação dos cidadãos, para que sejam capazes de
acessar e controlar seus dados.
*Autoridade reguladora*
As experiências de proteção de dados do México, França e Chile foram
debatidas durante o evento a partir das apresentações, respectivamente,
de Julio Téllez (UNAM), Ismini Rigopoulou (CNIL) e Jessica Matus (Datos
Protegidos). Um ponto comum dos discursos foi a importância de
autoridades reguladoras independentes para a eficácia do direito à
proteção dos dados pessoais. "Na sistemática adotada para a proteção de
dados em vários países, mais de 90% possuem uma autoridade de garantia
que vai cumprir a sua função maior: fornecer ao cidadão o efetivo
controle dos seus dados", destacou Danilo Doneda (UERJ). Moderador da
palestra, Luiz Fernando Martins Castro (CGI.br) lembrou da necessidade
de ações de conscientização. "Não adianta só criminalizar práticas
erradas. Tudo passa pela educação", enfatizou.
*Projeto de lei brasileiro*
Como tem feito ao longo das últimas edições, o Seminário reservou espaço
ao debate sobre o projeto de lei de proteção de dados pessoais. Na
ocasião, o Deputado Federal Orlando Silva (PCdoB/SP) comentou que o PL
5276 passou a ser o eixo estruturante de todas as discussões sobre o
tema. "O texto do PL está, no momento, em fase final de ajustes para
então ser discutido na Câmara", informou. Princípios fundamentais, como
a coleta e tratamento de dados baseadas na minimização, foram elencados
por Rafael Zanatta (IDEC), enquanto Arthur Rollo (SENACON) enfatizou que
os cidadãos têm o direito de proibir a circulação dos seus dados. Laura
Schertel (CEDIS/IDP) declarou que a "a lei deve abranger todos os
setores, uma vez que o cidadão precisa de uma proteção integral e
harmônica".
A perspectiva empresarial foi abordada por Marcel Leonardi (Google),
responsável por alertar que a lei geral de proteção de dados deverá ter
impacto em todo o setor privado. Moderadora da discussão, Flávia Lefèvre
(CGI.br e Proteste) pontuou que, até a aprovação da lei, é importante
fazer valer instrumentos como o sistema de fiscalização estabelecido no
decreto regulamentador do Marco Civil.
*Cidades inteligentes*
A promoção de uma gestão pública eficiente que preserve garantias
constitucionais dos cidadãos também foi pautada no evento. Com moderação
de Rony Vainzof (FeComercio), o debate teve a participação de Andriei
Gutierrez (IBM Brasil), que analisou o potencial da computação cognitiva
para ajudar Governos. "Quando pensamos em cidades coletando e fazendo a
gestão de dados, precisamos ter conceitos macros. Quais são os limites
institucionais legais? Qual a governança de fiscalização?", refletiu.
Jaqueline Abreu (InternetLab) chamou atenção para as cidades
inteligentes como fenômeno capaz de aumentar o controle sob os
indivíduos. "Estamos apostando em uma lei de proteção de dados que seja
capaz de lidar com isso", pontuou. Outra solução apresentada foi dar
mais poder aos cidadãos. "É importante discutir os mecanismos de
participação nas cidades inteligentes", defendeu Gustavo Mascarenhas
(IBCCrim). Fernanda Campagnucci (SME-PMSP) lembrou ainda que as
políticas de cidades inteligentes encontram realidades diferentes entre
países.
O Seminário contou também com discussões sobre o panorama da segurança
pública e mineração de dados, com a moderação de Marcos Dantas (CGI.br e
UFRJ); e sobre a proteção da privacidade e dos dados pessoais na área da
saúde, debate coordenado por Tanara Lauschner (CGI.br e UFAM). A última
discussão abordou a criptografia, e contou com a participação de
Fabricio Patury (MP da Bahia), Lucas Teixeira (Coding Rights), Renato
Leite Monteiro (Mackenzie) e Mônica Steffen Guise Rosina (Facebook), e
moderação de Jamila Venturini (NIC.br), que deixou o questionamento:
“Será que o 1º passo para a discussão sobre a criptografia é superar a
dicotomia de segurança e privacidade?”.
O evento também foi palco do lançamento da campanha "*Seus Dados São
Você: liberdade, proteção e regulação
<https://direitosnarede.org.br/c/seus-dados-sao-vc/>*", promovida pela
Coalizão Direitos na Rede.
Os vídeos com as apresentações do VIII Seminário de Proteção à
Privacidade e aos Dados Pessoais estão disponíveis no canal do NIC.br no
YouTube: *https://www.youtube.com/user/NICbrvideos/videos*.
*Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br*
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (**
<http://www.nic.br/>*http://www.nic.br/*) é uma entidade civil, de
direito privado e sem fins de lucro, que além de implementar as decisões
e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas
atribuições: coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (**
<http://www.registro.br/>*http://www.registro.br/*), estudar, responder
e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br
(*http://www.cert.br/*), estudar e pesquisar tecnologias de redes e
operações — Ceptro.br (**
<http://www.ceptro.br/>*http://www.ceptro.br/*), produzir indicadores
sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br
(*http://www.cetic.br/*), implementar e operar os Pontos de Troca de
Tráfego — IX.br (** <http://ix.br/>*http://ix.br/*), viabilizar a
participação da comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e
subsidiar a formulação de políticas públicas — Ceweb.br
(*http://www.ceweb.br* <http://www.ceweb.br/>), e abrigar o escritório
do W3C no Brasil (** <http://www.w3c.br/>*http://www.w3c.br/*).
*Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br*
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer
diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da
Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços
Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a
disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do
multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de
governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que
todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas
decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança
e Uso da Internet (*http://www.cgi.br/principios*). Mais informações em
*http://www.cgi.br/*.
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