[Anúncios NIC.br] IX Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados Pessoais debate impactos da lei geral de proteção de dados pessoais
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Qui Ago 9 11:55:22 -03 2018
São Paulo, 9 de agosto de 2018
*IX Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados Pessoais debate
impactos da lei geral de proteção de dados pessoais*
/Representantes do governo, comunidade científica e tecnológica,
empresas e terceiro setor discutiram benefícios e desafios da legislação
que aguarda sanção presidencial
/
Na iminência da sanção presidencial de uma lei geral de proteção de
dados pessoais, renomados especialistas nacionais e internacionais
reuniram-se nos dias 7 e 8 de agosto em São Paulo para discutir a
legislação como instrumento impulsionador da economia digital. O debate
aconteceu durante o *IX Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados
Pessoais <https://seminarioprivacidade.cgi.br/>*, promovido pelo Comitê
Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e pelo Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR (NIC.br), em parceria com o Ministério Público
Federal de São Paulo (MPF/SP), o Centro de Ensino em Pesquisa e Inovação
da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a
Internet Society (ISOC).
Um dos principais aspectos tratados pelos presentes foi a necessidade de
criação de uma autoridade independente de proteção de dados que aplique
e fiscalize a lei, ponto que foi ressaltado como fundamental pelos
palestrantes internacionais que participaram do evento. Bruno Gencarelli
(Diretor Geral de Justiça e Consumidores da União Europeia), Bojana
Bellamy (Centre for Information Policy Leadership) e Sophie Kwasny
(Council of Europe) concordaram que, para o Brasil entrar efetivamente
no mapa global de fluxo de dados sendo considerado por outros países e
blocos econômicos como um país de nível adequado, é necessário promover
avanços, não só na infraestrutura legal – com a nova lei –, mas também
de maneira institucional a partir de uma autoridade de proteção de dados
pessoais independente e autônoma.
"Sou muito otimista que teremos a sanção presidencial sem vetos, pois a
não existência de uma autoridade garantidora retira a efetividade da
lei", afirmou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB/SP), relator do
PLC 53/2018 na Câmara dos Deputados, durante a abertura do Seminário. O
tema foi discutido com profundidade durante o coquetel de debates sobre
a conjuntura brasileira, dada a possibilidade de veto presidencial.
Durante o painel foram apresentados diferentes modelos institucionais,
assim como opções regulatórias para a composição de tal autoridade.
*Nove anos de discussões*
Durante a abertura do evento, Demi Getschko (NIC.br) lembrou que são os
recursos arrecadados por meio do registro de domínios .br que permitem a
realização de iniciativas como as nove edições do Seminário de
Privacidade. "Os recursos do .br são investidos em benefício da
Internet, em projetos e discussões de interesse da comunidade. Esse é um
modelo que foi bem estruturado no país e é importante que seja
preservado". Marina Feferbaum (CEPI-FGV Direito SP) destacou que o
Seminário é referência nacional no debate da proteção de dados e uma
inspiração para instituições de ensino, enquanto Raquel Gatto (ISOC)
discorreu sobre a trajetória percorrida. "A ideia do Seminário começou
com o esboço de uma possível proposta de lei de proteção de dados.
Depois de promover mais conhecimento sobre o tema e qual seria o caminho
brasileiro, finalmente a lei foi aprovada e aguarda a sanção presidencial".
O momento histórico da realização do evento também foi enaltecido por
Maximiliano Martinhão (MCTIC/CGI.br), que ressaltou "a importância
estratégica de uma legislação de proteção de dados como ferramenta que
simultaneamente sirva para proteger os cidadãos, mas que também seja
capaz de viabilizar o desenvolvimento da economia digital em linha com
as recomendações da OCDE e com as experiências de outros países".
Martinhão lembrou ainda da *nota pública*
<https://cgi.br/esclarecimento/nota-publica-do-cgi-br-em-apoio-ao-plc-53-2018-recem-aprovado-no-congresso-nacional/>
divulgada pelo CGI.br nessa segunda-feira (06/08) em apoio ao PLC 53/2018.
Orlando Silva (Deputado Federal PCdoB/SP) relator do PLC 53/2018 na
Câmara trouxe o histórico da discussão do texto até a aprovação da lei
no Congresso. "O CGI.br foi um dos interlocutores fundamentais para que
pudéssemos dar um passo adiante na votação da lei que está na iminência
de ser sancionada pelo presidente da República", pontuou, lembrando que
o projeto foi aprovado por unanimidade no Congresso. Luiz Costa (MPF/SP)
afirmou que não consegue imaginar um sistema de proteção de dados em que
você tenha só princípios sem uma autoridade garantidora que faça zelar
pelas regras de proteção de dados.
*Economia de dados*
Escândalos recentes de uso indevido de dados pessoais chamaram atenção
para a importância da proteção dos dados no nível do indivíduo e da
sociedade. "O funcionamento da democracia e a integridade do processo
eleitoral estão em jogo", destacou Bruno Gencarelli. Em apresentação,
moderada por Diego Canabarro (assessor especialista do CGI.br),
Gencarelli classificou o PLC 53/2018 aprovado pelo Congresso Nacional
como um grande avanço para o Brasil que irá impulsionar a integração
brasileira na economia global de dados.
"É fundamental para desencadear o potencial do fluxo de dados. A lei
brasileira possui um conjunto de princípios em comum com a GDPR e
contribui para a convergência. Estamos ansiosos para trabalhar com o
Brasil", sublinhou, enfatizando a necessidade da criação de uma
autoridade independente. "Quando se fala na aplicação da lei, a
autoridade pode assegurar um conjunto de soluções mais amplo. Não se
trata apenas de uma máquina de multas, ao contrário, ela deve engajar os
diferentes setores".
Devemos promover um "engajamento construtivo" entre reguladores e
regulados, concordou Bojana Bellamy. Ela acredita que as organizações
devem colocar mais esforços em áreas de maior risco. "A observância da
lei é algo bom para os negócios, promove confiança na sociedade digital.
Se as empresas não adotarem isso, não serão competitivas", enfatizou
durante painel moderado por Thiago Jardim (MRE). Laura Juanes (Facebook)
chamou atenção para os mitos criados a partir da vigência do Regulamento
Europeu de Proteção de Dados (GDPR). "Existe uma clara definição de
regras e responsabilidades para empresas", lembrou.
"A proteção de dados é um dos elementos essenciais para que o país
adentre na economia da informação de forma madura", considerou Danilo
Doneda (UERJ) durante os debates sobre a conjuntura brasileira e quanto
à sanção presidencial da lei geral de proteção de dados no País. Na
opinião do especialista, qualquer solução que não seja a sanção integral
da lei seria vista com muito ruído e debate pela comunidade. "Qualquer
veto poderia colocar as peças do jogo num estágio inferior e traria
penalidades muito grandes", alertou.
A questão da segurança jurídica e necessidade de se tratar dados para
inovar foi apontada por Ana Paula Bialer (Brasscom) como a principal
expectativa do setor privado em relação à sanção da lei em sua
integralidade. "Estamos construindo uma nova sociedade digital. É muito
importante termos confiança nos pilares que vão fundamentar o seu
desenvolvimento", complementou Andriei Gutierrez (IBM Brasil). Henrique
Faulhaber (CGI.br) lembrou que a lei deve ser uma oportunidade de
proteger os cidadãos e permitir que as empresas tenham inserção maior no
mundo globalizado.
“O que está em jogo não é mais o direito de ser deixado em paz”, afirmou
Ricardo Abramovay (IEE-USP), “mas são dois valores fundamentais da
sociedade contemporânea: livre concorrência e democracia. O poder de
quem tem o comando sobre os dados para ditar as regras da concorrência
se tornou uma ameaça à própria economia de mercado. O empreendedorismo
está fortemente abalado e não pode se tornar digital, descentralizado e
de larga escala sem uma lei de proteção de dados pessoais", enfatizou
durante a apresentação "Ética dos dados para uma inteligência artificial
a serviço da sociedade", moderada por Tanara Lauschner (CGI.br).
*Desafios da legislação*
No que trata especificamente da autoridade de dados, Laura Schertel
Mendes (UnB e CEDIS/IDP) afirmou que a agência deve preservar o tripé –
poder sancionatório, /expertise/ e independência. Vinicius Marques de
Carvalho (USP) chamou atenção para a importância de que a autonomia
promova legitimidade e referência. "Temos forte conhecimento de que uma
autoridade supervisora é uma necessidade absoluta", defendeu Sophie
Kwasny, a partir da experiência da Convenção 108.
Uma autoridade de composição multissetorial foi defendida por Thiago
Camargo (SEPOD/MCTIC), que demonstrou preocupação com um ponto da lei
que trata da possibilidade de auditoria em banco de dados sem
autorização judicial. "Acho que nenhum governo deveria ter algum poder
de fazer essa auditoria. Não é saudável dar uma autorização dessa",
afirmou. Em resposta à Camargo, Bruno Gencarallei pontuou que "esse
receio só se justifica se a autoridade não for efetivamente
independente", já Bojana Bellamy comentou que o poder de auditorias tem
sido essencial para investigações recentes, como o caso envolvendo a
Cambridge Analytica.
Também durante o coquetel de debates do Seminário de Privacidade, Bia
Barbosa (Intervozes) destacou o desafio de desconstruir leituras
equivocadas sobre a lei, especialmente no que trata das multas. A
convivência e conflitos entre a lei de proteção e dados e o Marco Civil
da Internet foram comentados por Carlos Affonso Souza (ITS Rio),
enquanto Rafael Zanatta (Idec) lembrou do debate sobre a lei do cadastro
positivo com a expansão do direito dos cadastrados.
*Internet e Jurisdição*
O painel "Cooperação internacional e acesso transfronteiriço a dados
para investigações criminais" trouxe ao debate posições diferentes sobre
a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 51, ajuizada pela
Assespro no Supremo Tribunal Federal. Letícia Zereu Batistela (Assespro)
defendeu a necessidade da ADC 51 diante do que considera "grande risco
de empresas estrangeiras retirarem qualquer participação societária ou
de capitais em unidades empresariais brasileiras". A ação busca validar
dispositivos de cooperação internacional referentes à obtenção de
conteúdo de comunicação privada sob controle de provedores de
aplicativos de Internet sediados no exterior.
Vladimir Aras (MPF), por outro lado, afirmou que "o Brasil estaria
caminhando para trás se a ADC 51 for julgada procedente". Na opinião do
procurador, a Justiça brasileira tem jurisdição e o Marco Civil da
Internet é suficiente para resolver questões relacionadas à obtenção de
comunicação privada. André Veras Guimarães (MRE), por sua vez, defendeu
que o interesse nacional deve ser o denominador comum entre as várias
instâncias dos estados brasileiros.
Luíza Couto Chaves Brandão (IRIS - UFMG) destacou questões que envolvem
acesso a dados e demanda por modernização, que convidam uma série de
setores ao debate tendo em mente os direitos dos usuários. Moderado por
Thiago Tavares (CGI.br), que enfatizou interesse do CGI.br em defender o
Marco Civil da Internet na sua integralidade, o painel também contou com
apresentação de Daniel Ackerman (DOJ-USA) que tratou do /Cloud Act/
(Clarifying Lawful Overseas Use of Data Act), projeto aprovado no
Congresso dos Estados Unidos que estabelece que provedores com base nos
EUA devem disponibilizar dados armazenados em seus servidores.
A programação do Seminário de Privacidade contemplou ainda temas como: o
papel do setor privado na proteção à privacidade e aos dados pessoais;
marcadores sociais e práticas discriminatórias; possibilidades e limites
do tratamento de dados para fins de estratificação, segmentação e
categorização; prevenção e reparação de danos em vazamentos de dados e
informações sigilosas; e, por fim, privacidade por concepção (/by/
/design/) e por padrão (/by/ /default/). Reveja todas as discussões
promovidas no evento:
*https://www.youtube.com/playlist?list=PLQq8-9yVHyOZVGYJeegT8I-mHrWOPIiYh*.
*Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br*
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br
(*http://www.nic.br/*) é uma entidade civil, de direito privado e sem
fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê
Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o
registro de nomes de domínio — Registro.br (*http://www.registro.br/*),
estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br
(*http://www.cert.br/*), estudar e pesquisar tecnologias de redes e
operações — Ceptro.br (*http://www.ceptro.br/*), produzir indicadores
sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br
(*http://www.cetic.br/*), implementar e operar os Pontos de Troca de
Tráfego — IX.br (*http://ix.br/*), viabilizar a participação da
comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a
formulação de políticas públicas — Ceweb.br (*http://www.ceweb.br
<http://www.ceweb.br/>*), e abrigar o escritório do W3C no Brasil
(*http://www.w3c.br/*).*
*
*Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br*
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer
diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da
Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços
Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a
disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do
multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de
governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que
todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas
decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança
e Uso da Internet (*http://www.cgi.br/principios*). Mais informações em
*http://www.cgi.br/*.
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