[Anúncios NIC.br] Fórum Regional de IA na América Latina e Caribe amplia reflexão sobre oportunidades e desafios da Inteligência Artificial
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Sex Dez 13 19:45:43 -03 2019
São Paulo, 13 de dezembro de 2019
Fórum Regional de IA na América Latina e Caribe amplia reflexão sobre
oportunidades e desafios da Inteligência Artificial
/Realizado pela UNESCO e coorganizado pelo CGI.br, NIC.br e Governo
Federal, Fórum reuniu autoridades e especialistas renomados na USP
/
Questões-chave associadas à Inteligência Artificial (AI) como
governança, dimensões éticas e proteção de dados pessoais foram
discutidas por autoridades e especialistas nacionais e internacionais
durante o *Fórum Regional de IA na América Latina e Caribe*
<https://unesco-regional-forum-ai.cetic.br/pt/>, realizado nesta quinta
(12) e sexta-feira (13) na Universidade de São Paulo (USP). O evento da
UNESCO foi coorganizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil
(CGI.br) e pelo Núcleo de Informação e Comunicação do Ponto BR (NIC.br),
por meio do seu Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da
Sociedade da Informação (Cetic.br), e pelo Governo Federal, por meio do
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do
Ministério de Relações Exteriores (MRE), com parceria da USP.
Durante a cerimônia de abertura, Vahan Agopyan (USP) enalteu a escolha
do Fórum de trazer uma abordagem humana para a discussão de IA. De forma
complementar, o Ministro Marcos Pontes, do MCTIC, destacou que "a
inteligência artificial é uma ferramenta muito poderosa, mas que tem que
estar sob a decisão e comando dos seres humanos". Pontes chamou atenção
para a importância do debate envolvendo diferentes países e culturas com
o objetivo de encontrar soluções aos problemas comuns.
"É fundamental compreender o alcance da IA, possíveis mudanças no
comportamento humano, a lógica dos algoritmos, aprofundar pesquisas e
promover a construção de uma estratégia nacional de IA", pontuou
Maximiliano Martinhão (CGI.br), que saudou a iniciativa da Unesco de
realizar encontros que facilitam a definição dos papeis dos países
diante dos desafios e oportunidades da IA. Em concordância, Moez
Chakchouk (UNESCO) pontuou que a ética em IA deve ser debatida em nível
internacional, incluindo diversos /stakeholders/ de paises desenvolvidos
e em desenvolvimento.
Ainda durante a cerimônia de abertura, houve a assinatura de aditivo do
convênio entre o MCTIC, FAPESP e CGI.br para a implementação de
laboratórios de IA no país. "A Internet no Brasil nasceu na FAPESP, que
foi o berçário do NIC.br. Esse é o papel da FAPESP: promover iniciativas
que crescem além dela. Também estou feliz pela assinatura desse acordo
para a criação de centros de pesquisas na fronteira do conhecimento em
IA e segurança cibernética", afirmou Marco Antonio Zago (FAPESP). O
projeto consiste na implementação de oito centros, metade deles em São
Paulo e outra metade em outras cidades brasileiras, que deverão
concentrar pesquisadores das mais diferentes áreas.
*IA e políticas públicas*
Em painel interamericano sobre o desenvolvimento de políticas públicas
para IA, o ministro Marcos Pontes chamou atenção para a consulta pública
lançada pelo MCTIC para participações da sociedade civil na Estratégia
Brasileira de Inteligência Artificial. Pontes listou políticas
implementadas pelo Governo Federal para formar a base de introdução de
novas tecnologias no país, como o decreto para Internet das Coisas (IoT
na sigla em inglês) que possui quatro câmaras de discussões: indústria,
saúde, cidades inteligentes e agricultura.
O painel contou com a participação de Jennifer May, embaixadora do
Canadá no Brasil, que comentou a política canadense de inteligência
artificial. O Canadá foi o primeiro país a desenvolver uma estratégia na
área. "Apoio à inovação, à comercialização, atenção às implicações, tudo
isso com base na colaboração. Esses são os principais pontos que compõem
a estratégia canadense para IA, além do desenvolvimento de centros de
pesquisa de ponta", afirmou. Políticas chilenas para conectar empresas,
universidades e governo foram abordadas por José Antonio Guridi
(Ministério da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile),
enquanto Diego Fernández Montero (Chief Data Officer do Governo da Costa
Rica) enfatizou a importância de se criar uma cultura de tomada de
decisões e formulação de políticas públicas baseadas em dados.
Para entender as estratégias, /frameworks/ e princípios já desenvolvidos
no nível regional e internacional em relação à inteligência artificial
centrada em valores, entre outras questões, um dos paineis do Fórum
tratou especificamente da cooperação internacional. Representantes da
OCDE, da ITU, CEPAL, IEEE e painel de Alto-Nível da ONU sobre Cooperação
Digital apresentaram iniciativas e /guidelines/ formulados por esses
organismos internacionais. Valeria Jordan (CEPAL) destacou a necessidade
de considerar os avanços de países mais desenvolvidos nessa tecnologia,
levando em conta também as particularidades de cada países. "Os cidadãos
são uma parte importante nessa equação. É fundamental garantir que eles
tenham um nível mínimo de conhecimento sobre a inteligência artificial
para que possam se envolver com as discussões e pleitear direitos",
defendeu Sacha Alanoca (AI Civic Forum).
Para Nicolas Miailhe (The Future Society), as recomendações da OCDE,
UNESCO e IEEE devem ser celebradas. "Elas convergem em cinco princípios:
transparência, justiça e equidade, não-maleficência, responsabilidade,
privacidade. Porém essas recomendações possuem seus limites. Falta
clareza em terminologias, falta diversidade geográfica e engajamento
civil", alertou. Nicolas chamou atenção ainda para os desafios éticos de
IA, que envolvem não só privacidade, mas também discriminação,
assimetria de informação, automação do trabalho e limitação da liberdade
de expressão e escolha.
A automação do trabalho também foi tratada por Cristina Gómez (Centro de
Excelência em IA de Medellin, Colombia), que discorreu sobre a
incorpoção de robôs trabalhadores aos processos empresariais e a
interação entre robôs e humanos. "Quando desenvolvermos sistemas de
inteligência artificial que tenham capacidade de gerar mais empatia com
outros, conseguiremos gerar melhor coordenação e cooperação entre
máquinas e humanos", opinou.
*IA e transparência*
Os impactos de tecnologias como IA, IoT e /big data/ na liberdade de
expressão, acesso à informação e conhecimento também foram discutidos
durante o Fórum. Isabela Ferrari (Justiça Federal) chamou atenção para
os algoritmos não programados, que usam /machine learning/ e buscam
descobrir os resultados esperados por meio de uma série de correlações.
"Isso gera para o ser humano uma enorme dificuldade de articular a
lógica tomada por esse tipo de /software/. O algoritmo que emprega
/machine learning/ vai trazer a regra de aprendizagem do algoritmo, não
adianta abrir o código. Esse é um grande desafio, a /accountability/
precisa acompanhar os sistemas desde o momento que eles nascem", afirmou.
De forma complementar, Sara Rendtorff-Smith (MIT) trouxe exemplos de
problemas decorrentes do uso de IA, principalmente no que trata de
discriminação, como no caso de um sistema usado para detectar fraudes no
seguro desemprego no estado do Michigan (EUA), em que 85% dos casos
identificados como fraudulentos estavam equivocados. "Os humanos possuem
preconceitos. A inteligência artificial tinha e tem a promessa de
corrigir essa questão, mas isso não está acontecendo. A preocupação que
temos é que a IA não passe a exarcebá-los", alertou.
José Luiz Ribeiro (RNP e CGI.br) enfatizou a importância de combater
esses problemas. "Talvez tenhamos que desenvolver, em analogia com
anticorpos, os antialgoritmos, que vão acompanhar, fiscalizar e atacar
os desvios da inteligência artificial no momento em que nossa capacidade
ainda é muito lenta. É necessário discutir, criar formas de disciplinar
as decisões e sinais indevidos dos modelos de IA que estamos criando".
Durante o evento, Demi Getschko (NIC.br e CGI.br) destacou que a
discussão sobre regulação de AI deve ser principiológica. Ainda na
avaliação de Getschko, decisões devem ser mantidas nas mãos dos humanos.
"Na hora que você repassa a decisão ao sistema, você mudou o patamar. O
sistema jurídico automatizado, por exemplo, ajuda no acesso aos dados,
porém no momento em que uma decisão judicial passa a ser do sistema,
estamos pulando para algo perigoso. O sistema pode auxiliar desde que a
decisão e responsabilização seja humana", enfatizou.
Como educar crianças para entender IA e serem os futuros desenvolvedores
dessa tecnologia? Jasmina Byrne (UNICEF) defendeu que as crianças sejam
consultadas e incluídas no processo de discussão de políticas de IA. A
especialista também chamou atenção para o mito de que todas as crianças
são nativos digitais. "É fundamental investir em alfabetização digital,
preparar as crianças para que entendam o que é feito com coleta de
dados. Crianças, pais e responsáveis não estão cientes de como esses
dados são usados para traçar seus perfis de consumo e promover
propagandas direcionadas. Políticas de IA devem levar essa questão em
conta", abordou.
Sistemas educativos baseados em IA, o aprendizado e competências
necessárias, bem como o futuro da pesquisa científica e da gestão
ambiental foram alguns dos temas discutidos em profundidade durante o
*Fórum Regional de IA na América Latina e Caribe
<https://unesco-regional-forum-ai.cetic.br/pt/>*, que abordou ainda o
potencial da IA em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS). O evento foi transmitido ao vivo pela Internet e está disponível
na íntegra no canal do NIC.br no YouTube, assista:
*https://www.youtube.com/playlist?list=PLQq8-9yVHyOa8vVdk3MpnVk8AJDyhD7Ia*.
*Sobre o Cetic.br
*O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação, do NIC.br, é responsável pela produção de indicadores e
estatísticas sobre a disponibilidade e o uso da Internet no Brasil,
divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da
rede no País. O Cetic.br é um Centro Regional de Estudos, sob os
auspícios da UNESCO. Mais informações em *http://www.cetic.br/**.*
*Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
*O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br
(*http://www.nic.br/*) é uma entidade civil, de direito privado e sem
fins de lucro, que além de implementar as decisões e projetos do Comitê
Gestor da Internet no Brasil, tem entre suas atribuições: coordenar o
registro de nomes de domínio — Registro.br (*http://www.registro.br/*),
estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil — CERT.br
(*http://www.cert.br/*), estudar e pesquisar tecnologias de redes e
operações — Ceptro.br (*http://www.ceptro.br/*), produzir indicadores
sobre as tecnologias da informação e da comunicação — Cetic.br
(*http://www.cetic.br/*), implementar e operar os Pontos de Troca de
Tráfego — IX.br (*http://ix.br/*), viabilizar a participação da
comunidade brasileira no desenvolvimento global da Web e subsidiar a
formulação de políticas públicas — Ceweb.br (*http://www.ceweb.br*
<http://www.ceweb.br/>), e abrigar o escritório do W3C no Brasil
(*http://www.w3c.br/*).**
*Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br*
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer
diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da
Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços
Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a
disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do
multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de
governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que
todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas
decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança
e Uso da Internet (*http://www.cgi.br/principios*). Mais informações em
*http://www.cgi.br/*.
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